O valor da amizade - Vega Sicília Único...1948 (Abr.09)
Hace algunos años...fui a um leilão de vinhos e surgiu a oportunidade de licitar a garrafa da foto que é do ano do nascimento de um familiar próximo....e com quem pensei abrir a garrafa num seu aniversário
Contudo o nível de vinho na garrafa estava um pouco baixo e fiquei com algumas reservas se o vinho ainda estaria bom. Estabeleci um preço limite para licitar e (in)felizmente quando o preço de licitação ultrapassou o meu limite...deixei de licitar.
Contudo o lote acabou por ficar com um amigo meu...que quando soube para quem era a garrafa...fez questão de me a oferecer :-)). Gesto que me sensibilizou bastante, pois embora o VR seja um grande apreciador de vinhos, nem pestanejou...e nem aceitou que lhe pagasse a garrafa.
Feito o merecido enquadramento e reconhecimento (piu una volta...grazie mille VR), foi preciso aguardar 6 meses pelo aniversário.
À cautela, dada a idade do vinho e o nível pelo "ombro inferior" da garrafa, levei outra garrafa.
Abri-a com todo o cuidado, o primeiro bom augúrio surgiu quando tiro a rolha muito devagar e ouve-se aquele pequeno som de "puff" de ar a sair (Não sei porquê, mas é sempre um bom prenúncio de que o vinho está bom). O primeiro aroma de romã, especiarias e ligeiro floral (rosas) certifica que o vinho está vivo, muito vivo. A cor vermelha já esbatida, quase transparente, evidenciando-se as nuances atijoladas. É certo que já se notam as rugas da idade, com notas aromáticas de caça, pólvora e um algum "vinagrinho", mas de um corpo aparentemente frágil, emergem notas apimentadas e uma frescura insinuante que nos cativa o palato.
O final é pontuado por taninos sedosos e um sabor que perdura. Um vinho que soube envelhecer com muita nobreza.
Esta é a magia dos vinhos velhos, em que o contrate e a harmonia se misturam em comunhão, fazendo-nos perdoar as rugas da idade e agradecer ao tempo toda a sua generosidade... e a amizade tem um valor inestimável!